quarta-feira, janeiro 10, 2007

MEIOS DE TRANSPORTE

"O Cavalo e o Carro-de-Boi

No passado, os meios de locomoção e o transporte de cargas dependiam, exclusivamente, dos animais. O cavalo era preferido para o transporte das pessoas. O burro mulo, também era usado com esta finalidade, mas adaptava-se melhor para o transporte de mercadorias, principalmente nas grandes distâncias quando era usada a tropa formada por vários burros de carga e um de sela, no qual viajava o tropeiro.
O jumento era mais usado no Nordeste para abastecer a casa de água e lenha, bem como para fazer o transporte de produtos agrícolas do roçado para casa. Servia, ainda, para o carregamento de material de construção, inclusive na escavação de açudes e “barreiros”.
O carro-de-boi, desde os tempos coloniais, era usado nos engenhos e fazendas do Nordeste. Fabricado artesanalmente, com madeira de lei, era puxado por quatro bois mansos e servia para o transporte de cargas de maior peso e volume. A denominação boi manso, significa que o animal passou por uma fase de adestramento e que está apto para ser utilizado como animal de tração.
Com o passar do tempo, o carro-de-boi foi substituído pela carroça-de-boi, que conservava as mesmas características, mas era puxada por um único boi e tinha menor capacidade de carga e que, depois, foi substituída pela carroça de pneus, atualmente bastante utilizada sendo puxada por burro.
O carro-de-boi tornou-se peça de museu ou de decoração quando não foi deixado ao relento e encontra-se aos destroços como, infelizmente, acontece em algumas fazendas do município de Boa Saúde.

O Misto

A partir da década de 1940 o transporte rodoviário começou a se desenvolver no país. Antes, o meio de transporte utilizado para percorrer as grandes distâncias era o trem. A principal ferrovia do Rio Grande do Norte, que ligava Natal ao Recife, passava na sede do Município de São José de Mipibu, distante 60 quilômetros do Distrito de Boa Saúde.
O transporte rodoviário passou a ser mais usado no Estado, a partir da Segunda Guerra Mundial. Os primeiros transportes coletivos colocados em circulação, entre a capital e os povoados e cidades do interior, foram as “sopas”, uma espécie de ônibus aberto nas laterais, e os “mistos”, cujo espaço era dividido: bancos (boléia) para passageiros e carroceria para carga.
O primeiro “misto” que viajava de Boa Saúde para Natal, na década de 1950, pertenceu ao Senhor Manoel Costa, residente em Natal, sendo dirigido por ele mesmo. O percurso era vencido em quatro, cinco horas, em estrada de barro, cujo trecho pavimentado a paralelepípedo, era de Macaíba a Natal. Existia asfalto entre Parnamirim e Natal, mas o “misto” fazia a “linha” por Macaíba. Durante a viagem, dependendo do surgimento de passageiros e de cargas, faziam-se quantas paradas fossem necessárias, sendo que as principais eram: Lagoa do Murici, Córrego de São Mateus, Pitombeira, Vera Cruz, com tempo para café ou lanche, dependendo da hora e, ainda, Cana Brava e Macaíba. O ponto final, em Natal, era na Avenida Um (atual Presidente Quaresma).
Eram realizadas três viagens por semana, sendo que o maior número de passageiros e a maior quantidade de carga era às sextas-feiras, por conta da feira do Alecrim, para onde os produtores ou atravessadores levavam cereais, goma e farinha de mandioca e animais do tipo: carneiro, porco, peru, galinha, guiné, além de outras mercadorias. Por outro lado, naquela época, o comércio local se abastecia de produtos industrializados adquiridos em Natal.
Houve um período, em que Boa Saúde contou com três “mistos” viajando para Natal, para poder atender ao movimento de passageiros e ao aumento da produção rural que era comercializada em Natal. Um pertencente ao Senhor Luiz Francisco de Oliveira, que residia no Córrego de São Mateus, e outro pertencente ao Senhor Lídio José da Costa, que residia em Boa Saúde.
O desaparecimento do “misto” se deve ao uso do jeep pelos comerciantes, que além de mercadorias transportavam, também, passageiros com maior frequência e maior rapidez e ao aparecimento de caminhões que passaram a transportar mercadorias, inclusive para outros destinos, como: Nova Cruz, Santo Antônio, nos dias de feira. Outro fator foi a redução de certos produtos de origem agrícola e pastoril no município. Por outro lado, o comércio local passou a se abastecer diretamente através de atacadistas que fazem a entrega da mercadoria no próprio estabelecimento.

O Ônibus

Em 1969, um ônibus da Empresa Rio-grandense passou a fazer a “linha” Natal/Santo Antônio, via Januário Cicco, diariamente, servindo, também, ao povoado de Córrego de São Mateus. Atualmente, são dois ônibus diários, em horários diferentes.
Outra opção para quem quer viajar de Boa Saúde a Natal, e vice-versa, é o transporte alternativo, num vai-e-vem diário.


As Estradas

Até 30/06/1982, quando o Governo do Estado, na administração do Dr. Lavoisier Maia Sobrinho, inaugurou a rodovia asfaltada RN 120, com 65 quilômetros de extensão, ligando a BR 226, na altura de Serra Caiada, à cidade de Santo Antônio, incluindo a construção da ponte sobre o Rio Trairi, passando por Boa Saúde, todas as estradas do município eram de terra.
Depois, em 30/06/1983, o Governo do Estado, na gestão do Senhor José Agripino Maia, inaugurou a RN 002, com uma extensão de 17 quilômetros, ligando Boa Saúde a Lagoa Salgada, passando pelo Distrito de Córrego de São Mateus, interligando o município aos demais da região, através de estradas asfaltadas, com exceção de São José de Campestre.
A interligação da sede do município aos sítios e povoados não servidos pelas referidas rodovias asfaltadas, é feita através de estradas de terra, pertencentes ao município, a maioria oferendo boas condições de trânsito, fora do período chuvoso, quando algumas ficam intransitáveis".

Texto do Livro: BOA SAÚDE - Origem e História
Autores: José Alaí de Souza e Maria de Deus Souza de Araújo

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