quarta-feira, janeiro 10, 2007

BOA SAÚDE - Antecedentes Históricos

A Aldeia Mopebu

Na época do Brasil colônia, em 1630, o aldeamento Mopebu, termo indígena que significa rastro grande e desconhecido, era um dos mais populosos do litoral da Capitania do Rio Grande. Com a dominação holandesa que durou 21 anos, de 1633 a l654, a capitania perdeu parte da sua população em massacres como os de Ferreiro Torto em Macaiba, Cunhaú em Canguaretama e Uruaçu em São Gonçalo do Amarante. Teve, ainda, sua agricultura devastada e a sua criação de gado destruída.
Com a expulsão dos holandeses, e restabelecido o domínio português, começou a recuperação da capitania, sendo concedidas “terras no rumo sul e oeste, Potengi, Mipibu e Cunhaú, para incentivar o repovoamento e a volta aos trabalhos normais...” (Suassuna e Mariz, 1997, p. 97).
Reiniciado o processo de colonização, ocorreu a expansão do povoamento e a sua interiorização, tendo contribuído para isto, por um lado, o crescimento da atividade pastoril e, por outro, a necessidade de reprimir os índios após as rebeliões e, ao mesmo tempo, capturá-los para o trabalho na agricultura.
A Aldeia de Mipibu, na segunda metade do século XVIII, apresentava-se com um certo rítimo de crescimento e no dia 22 de fevereiro de l762 foi elevada à categoria de Vila de São José do Rio Grande, sendo a quarta fundada na capitania. Juridicamente o seu território tinha como limites: “ Toda a Freguesia antigamente chamada do Papary e então de Nossa Senhora do Ó de Sant’Ana, a qual confinava com a costa do mar de norte a leste, com a freguesia de Goianinha por sul, servindo de divisão o rio Trahiry, desde o lugar em que nele entra o riacho dos Tremedaes até o nascimento do mesmo que vem do sertão; e da parte do oeste até norte; determinando-se que as fazendas que ficassem às margens do Rio Trairy e que tivessem terras de um e outro lado do dito rio, ainda que ficassem em diversas paróquias, fossem também da jurisdição temporal da vila novamente criada” (Barbalho, 1961, p. 66).
A ocupação da capitania foi intensificada no início do século XVIII, a partir da criação de gado. As primeiras fazendas se fixaram no agreste, próximo das terras ocupadas com a cana de açúcar, para, em seguida, se expandirem, iniciando o povoamento do sertão.
No final da metade do século XIX, a Vila de São José do Rio Grande apresentava sinais de progresso na agricultura e no comércio, além do aumento da sua população. Em 16 de outubro de 1845, foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de São José de Mipibu. Foi naquele século que o Brasil passou por grandes transformações de natureza político-administrativa. Tornou-se independente em 1822 e se transformou em república no ano de 1889.

Origem e Povoamento de Boa Saúde

Não se tem conhecimento exato da época do início do povoamento da área que constitui o município de Boa Saúde. Os fatos e as ocorrências relacionados com a formação do território de São José de Mipibu e com a interiorização da Colônia, indicam que tenha acontecido na primeira metade do século XIX.
Pesquisa realizada em documentos do Cartório de São José de Mipibu, comprova que em 1859 já existiam habitantes no território do atual município de Boa Saúde. Datado de 28 de novembro daquele ano, encontramos o inventário de Delfina Ursulina da Conceição, que deixou para o seu esposo, Francisco Cosme de Oliveira e outros herdeiros “Cem braças de terras de criar e plantar na Ribeira do Trairy no lugar denominado Cacimba de Baixo...”. Outro inventário datado de 08/03/1867, faz referência ao Córrego de São Mateus. A inventariante, Sancha Ferreira da Silva, residente em São José de Mipibu e casada com o Tenente Manoel Timotheo Ferreira Lustoza, deixou-lhe como herança entre outros “bens de raiz”, como eram denominados, na época, os bens imóveis, “Huma parte de terras na data de San Matheos no Corrego...”.
Sobre os primeiros habitantes do povoado de Boa Saúde, existe uma versão de que o início do povoado se deu “com a presença no território de famílias retirantes de uma demorada seca que assolou o sertão norte-rio-grandense. Na busca de melhores dias, os sertanejos se instalaram às margens do rio Trairi, nas proximidades de uma queda d’água chamada Cachoeira. Ao construírem suas primeiras casas nos arredores da famosa queda d’água, os habitantes primitivos passaram a ser conhecidos popularmente como os Cachoeira” (Morais, 1998, p.380).
Como se explica que em um ano de seca, às margens do rio Trairi, tenham se estabelecido retirantes do sertão, nas proximidades de uma cachoeira? O Trairi é um rio temporário, cuja nascente localiza-se no sertão, na Serra do Doutor, nos municípios de Campo Redondo e Coronel Ezequiel. Seu curso d’água depende e coincide com os períodos chuvosos. O historiador Augusto Tavares de Lira, quando se refere ao rio Trairi, diz que da sua nascente no sertão até a barra são 20 léguas “e só corre em anos invernosos” (Lira 1998, p.185).
No trabalho de pesquisa realizado surgiu outra versão. Os Cachoeira, cujo sobrenome é Francisco da Costa, teriam vindo do sertão da Paraíba, possivelmente, da região de Catolé do Rocha, em número de dez irmãos: Luiz, Francisco, Joaquim, Manoel, Alexandre, Pedro, Satiro, Antônia, Francisca e Izidora. Inicialmente, se estabeleceram em diversas áreas de terras como proprietários e, como eram pessoas possuidoras de um certo “recurso”, desenvolveram a agricultura e a criação de gado e deram impulso à formação do povoado, a partir da construção da capela de Nossa Senhora da Saúde. Ao chegarem na Data do Lerdo, onde atualmente localiza-se a cidade de Boa Saúde, ali residiam as seguintes famílias:
a) Os Sacca, família à qual pertencia um senhor conhecido como Antônio Badamero Sacca, cuja residência situava-se onde depois foi construído o antigo prédio do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara, e atualmente existe a agência dos Correios. O registro mais antigo que encontramos sobre esta família trata-se do inventário de Sebastiana Maria de Jesus, falecida em 1879, em Boa Saúde, sendo casada, pela segunda vez, com Joaquim Francisco Ferreira da Silva Sacca, naquela ocasião com 75 anos de idade. Como filhos do primeiro casamento encontramos: Luis de França; Maria, casada com Manoel Joaquim de Lima, e Francisca, casada com Sebastião Pinto de Mello, tendo como filhas: Joana e Maria, sendo que esta foi casada com Antonio José de Sant`Ana. Como descendentes de Sebastiana Maria de Jesus e de Joaquim Ferreira da Silva encontramos: José Ferreira da Silva; Antonio Ferreira da Silva e, João Ferreira da Silva, cujos filhos são: Manoel, Antonio, Jacintha, Alexandre, Jorge, Maria, Lucia, Joanna e Faustino. Dentre os bens do inventário, consta uma parte de terra em Boa Saúde com uma casa de morada, que havia sido adquirida por compra a Francisco de Paiva Rocha, uma parte de terra em Oiticica – Ribeira do Trahiry, e outra no lugar denominado Poço do Braz.
b) Os Ferreira, moravam no local que depois pertenceu a Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá) e residiu Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Souza). Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 30/07/1910, faz referência à família Ferreira, conforme transcrevemos: “Diz Salustiano Ferreira de França, que tendo falecido no logar Bôa Saude, deste distrito, sua mulher Catharina Ferreira de França no dia 18 de junho, deste anno; requer que vos digneis marcar dia hora e logar para o suppe prestar o compromisso de inventariante como cabeça de casal...” Como demais herdeiros constam as seguintes pessoas: Anna Ferreira de França, com l3 anos; Maria Ferreira de França, com 12 anos; Joaquim Ferreira de França com 10 anos; João Ferreira de França com 8 anos; José Ferreira de França com 6 anos e, Manoel Ferreira de França com 5 anos.
c) Os Nunes, que residiam nas imediações onde atualmente se localiza o estabelecimento comercial e a residência de Alfredo Gomes da Costa. Foram citados como descendentes dessa família: Izabel Nunes, José Nunes, conhecido como Zé Zumba e Baltazar.
Além da Data do Lerdo, da Data de San Matheos e da localidade de Cacimba de Baixo, às quais nos referimos, outras datas e lugares mais antigos do território do Município de Boa Saúde, de que se tem notícias, são:
- Oiticica, onde atualmente esta localizada a Fazenda Braz, que teria pertencido a Luiz Francisco da Costa, conhecido como Luiz Cachoeira, casado com Maria Joaquina da Costa. Como descendentes do casal foram citados: Francisca Maria da Costa, casada com Antônio Constantino de Oliveira e Severina Francisca da Silva, casada com Miguel Vicente da Silva, conhecido como Miguel Rosa.
- Xique Xique, que teria pertencido a Joaquim Francisco da Costa, também conhecido por Joaquim Cachoeira, pai adotivo de José Joaquim da Costa, conhecido como Zezinho Cachoeira. Outros moradores mais antigos de Xique Xique foram: Vicente Rodrigues do Nascimento, casado com Izabel Maria dos Prazeres, falecida em 03/08/1896, cujos filhos são: Maria Rodrigues do Nascimento, Raymundo Rodrigues do Nascimento, Francisco Rodrigues do Nascimento, José Rodrigues do Nascimento, João Rodrigues do Nascimento, Zacharias Rodrigues do Nascimento e Abdias Rodrigues do Nascimento. Além destes, em Xique Xique residiram, também, Joaquim Barbosa dos Santos , casado com Luiza Barbosa dos Santos, e Francisco Gomes de Lemos, casado com Maria Francelina de Lemos.
- Boqueirão, que teria pertencido a Manoel Francisco da Costa, mais conhecido como Manoel Cachoeira, conforme documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 22/12/1923. Trata-se do inventário dos bens de sua esposa Joanna Francisca da Costa, que faleceu no dia 18/12/1918, deixando como herdeiros, além do viúvo, os seguintes filhos: João Francisco da Costa, com 28 anos; Aprígio Francisco da Costa, com 27 anos; Maria Francisca da Costa, com 26 anos; Cícero Francisco da Costa, com 25 anos; Francisca da Costa, com 24 anos; Manoel Francisco da Costa, com 23 anos; Elvira Francisca da Costa, com 22 anos; Herondina Francisca da Costa, com 21 anos; Antonio Francisco da Costa, com 15 anos; Oliveira Francisco da Costa, com 14 anos; Adauto Francisco da Costa, com 13 anos; Helena da Costa, com 11 anos; Carmozina da Costa, com 10 anos e, José da Costa com 7 anos. No que diz respeito aos bens deixados como herança, o documento faz referência a “Uma parte de terra de arisco, várzea e catinga na margem do Rio Trahiry pro-indiviza na data de Trahiry e Boqueirão, havida por herança de seu sogro Francisco Ferreira de França, limitando-se pelo Nascente com José Fernandes, pelo Sul contesta com os Pinheiros, pelo Norte com os Freitas, e Puente com Manoel do Ó...”.
- Diamantina, que teria pertencido a Alexandre Francisco da Costa, ou Alexandre Cachoeira, como era conhecido.
- Boa Esperança, onde residiu Anna Pinto de Melo, falecida em 1877, casada em segundas núpcias com Sebastião Pinto de Mello, deixando como filhos do casal: Maria Pinto, Josefa Pinto, Joaquim Pinto e Rosa Pinto. Do primeiro casamento, os herdeiros são: Josefa, com 30 anos de idade, casada com Joaquim Marques de Oliveira; Francisca, com 20 anos; Manoel Pacheco, com 18 anos; Guilhermina com 17 anos, casada com Antonio Reinaldo. Consta do inventário, datado de 25/09/1877, uma parte de terra no lugar Boa Esperança, Data do Trairi.
- Tanque do Meio, pertencente a Pedro Francisco da Costa, Pedro Cachoeira.
- Poço Comprido, que teria pertencido a Francisco Ferreira, casado com Izidora Cachoeira, pais de Faustino Ferreira. Outro proprietário de terra, dos mais antigos de Poço Comprido, foi Manoel Bezerra da Silva, conhecido como Manoel Catingueira, casado com Josefa da Silva.
- Data das Almas, que teria pertencido a Francisco Cachoeira e onde existe o atual povoado de Guarani. Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de04/09/1925, faz referências a Francisca Maria dos Santos, falecida em 1904 e seu esposo José Silvério dos Santos, falecido em 1924, na localidade de Gatos, deixando como filhos: João Silvério dos Santos, com 32 anos de idade; Francisco Silvério dos Santos, com 22; Antonio Silvério dos Santos, com 25 anos e Maria Silvério dos Santos, na época falecida, deixando como filho Cícero Silvério dos Santos com 3 anos de idade. Entre os bens deixados pelo casal, no inventário consta uma parte de terra no sítio denominado de “Braz”, que Francisca Maria dos Santos havia herdado de sua mãe, Maria Leonídia de Jesus. Datado de 21/09/1914, no inventário de José Lucas da Cruz e sua esposa, que residiram nos Gatos e faleceram pelo ano de 1911, e que teve como inventariante Felix Lucas da Cruz, encontramos o registro de que foi deixado para os herdeiros, entre outros bens “... uma parte de terras indivizas, no logar “Gatos” deste termo, onde se acha a Casa de Morada onde morreu o Inventariado, Data das Almas, com quatrocentas braças de largura e meia legua de comprimento, ou de fundo, limitando: ao Sul, com o rio Trahiry, ao Norte, com a data dos herdeiros do defunto Nicacio e os Cachoeiras; ao Nascente, rio abaixo, com as terras de Antonio Joaquim e, ao Poente, com terras de Rodopiano de Azevedo e herdeiros de Vallentim que foi avaliada pelos avaliadores em quatro centos e cincoenta mil reis”.
- Capivara, que em 1909 pertencia a Joaquim Carlos da Silva, em 1913 passou a pertencer a Antônio Ferreira da Silva e, depois, a Francisco Antonio de Jesus;
- Vaquinha, que pertencia a Joaquim Carlos da Silva e sua esposa Josefa Bellisa da Silva em 1912 e, depois, passou a pertencer a Francisco Antonio de Jesus e seus filhos: João Francisco da Silva, Manoel Francisco da Silva, José Francisco da Silva, Luiz Francisco da Silva, Sebastião Francisco da Silva, José Francisco da Silva (2º), Manoel Francisco da Silva (2º), Antonio Francisco da Silva e Manoel Jorge da Silva.

Origem do Nome Boa Saúde

Quanto ao nome Boa Saúde, o documento mais antigo que faz referências ao mesmo data de 1878. Trata-se do inventário de Simião Bolivar da Silva , casado com Rita Maria dos Prazeres, ela na época com 60 anos de idade. Proprietários e moradores no Brás e donos de terras, também em Laranjeiras, deixaram os seguintes filhos: Francisca, com 45 anos de idade, casada com José Firmino da Costa; Felix Francisco dos Santos, com 44 anos; Januário dos Santos; Maria Virgínia da Anunciação, com 41 anos; Manoel Simião da Silva, com 40 anos, casado com Clementina Maria da Conceição; Theotonia Maria, com 38 anos, casada com Manoel Verissimo Ribeiro, João Manoel da Silva, com 37 anos e Germana Maria da Anunciação, com 31 anos, casada com Manoel Diogo da Paixão. Dentre os bens deixados por Simião Bolivar da Silva constam cinco escravos: Dionizio, com 25 anos de idade; Firmino, com l8; Francisco com 10; Maria com 27 e. Mariana com 23. Como o casal teve nove filhos, na partilha dos escravos, a cada um coube uma fração do valor de cada um. A parte do documento que faz referência ao nome de Boa Saúde tem o seguinte teor: “ Recebi do meo escravo Dionízio a quantia di quarenta e quatro mil reis pela parte di sua liberdade de huma parte y pela herança de meo finado Pai q. mi tocou. Assim como tbem Recebi a quantia de dezeçêis mil rs pela parte de sua liberdade do labor e tresentos mil rs q. tbem mi tocou pela minha herança e do mesmo finado Pai mi tocou ficando o meo escravo aotorizado de huma semana di sirviço dentro do tempo q. mi toca na sua sujeição. E p. afim da verdade mandei paçar o presente em q. mi asigno prezte as Testemunhas abaxo asignadas. Boa Saúde, 22 de junho de 1878. Manoel Simião da Silva como testemunha Alexe. Franco. da Sa - (Alexandre Francisco da Silva) o grifo é nosso - Moricy. Como Testemunha de meo escravo Dionízio Januário José dos Santos. Manoel Vericimo Ribeiro”.
Existe mais de uma versão sobre a origem do nome Boa Saúde. Uma de que “a sugestão do nome foi dada por um padre a romeiros do povoamento do Lerdo que visitavam a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará.” O padre teria questionado sobre o significado da palavra lerdo e sugerido aos romeiros que o nome do povoado “deveria propagar religiosidade e prosperidade.” Os romeiros voltaram “com a imagem de Nossa Senhora da Boa Saúde na bagagem e imediatamente o povoado passou a se chamar Boa Saúde” (Morais, 1998, p.38).
Outra versão relatada pelo referido autor mostra que “o povoamento passou a se chamar Boa Saúde depois que uma pessoa dos Cachoeira, que há muito tempo estava doente, começou a banhar-se num poço do rio localizado nas redondezas, onde existia muito muçambê, planta medicinal. O doente logo ficou curado e, por ser devoto de Nossa Senhora da Boa Saúde, deu de presente à comunidade uma imagem da santa”. A partir deste fato, os Cachoeira construíram uma capela e adotaram Nossa Senhora da Boa Saúde como padroeira, e a localidade passou a se chamar Boa Saúde.
Por ocasião da pesquisa realizada junto aos moradores mais antigos da cidade, surgiu uma outra versão sobre a origem do nome Boa Saúde, que muito se aproxima da que nos referimos anteriormente. Morava no Lerdo, na localidade que veio a se chamar de Boa Saúde, o senhor Antônio Badamero Sacca, que costumava oferecer “arrancho” aos viajantes. Certa vez chegou uma pessoa que, tendo adoecido, permaneceu hospedada até ficar curada, quando teria exclamado ser um lugar abençoado, um lugar de muita saúde e que deveria se chamar Boa Saúde. Luiz Cachoeira, ao saber do ocorrido e temendo que os moradores do povoado de Gatos (atual Guarani) construíssem a primeira capela das redondezas, tomou a iniciativa de construir uma, dedicada a Nossa Senhora da Saúde.
A imagem de Nossa Senhora da Saúde, Luiz Cachoeira teria mandado buscar na Europa, o que, pelas características da santa, é mais provável, contrariando a versão de que a mesma teria vindo do Juazeiro, trazida por um grupo de romeiros. Por outro lado, algumas evidências contribuem para a aceitação da hipótese de que sua origem é européia: a existência do povoado com a denominação de Boa Saúde, em 1878, conforme documentos do Cartório de São José de Mipibu, e a ocorrência do milagre da beata Maria de Araújo, onze anos depois, em l889, quando a partir daí foi que se iniciou a devoção ao Padre Cicero e começaram as romarias ao Juazeiro.
Segundo o Professor da UFRN, Senhor Antônio Marques de Carvalho Júnior, estudioso e expert em arte sacra e antiguidades, a imagem de Nossa Senhora da Saúde, “Do ponto de vista do estilo pode-se dizer que se trata de uma escultura de influência barroca, mas já tendendo para o néo-clássico, caracterizado pelo panejamento sóbrio, com pouco movimento. O pedestal ou base é extremamente simples, sendo pois mais um forte indicador de uma escultura saída de uma manufatura européia do século XIX, entre 1800 e 1860”. Sobre a sua origem, ele tem a seguinte opinião: “A hipótese de sua origem ser a cidade de Juazeiro do Norte não tem a menor possibilidade, pois trata-se de uma escultura de fatura erudita e não de cunho popular”. E finalizando a sua análise, ele diz “Para concluir, ressalte-se a postura hierática da imagem, com seu semblante gracioso, e no todo de linhas e proporções perfeitamente harmônicas”.

Texto do Livro: BOA SAÚDE – Origem e História
Autores: José Alaí de Souza e Maria de Deus Souza de Araújo

Um comentário:

Cultura/Brasil de Natal a Picuí disse...

Quero em off parabenizar José Alaí pelas grandes informações que aquí você presta ao povo do RN. Aprendí muito sobre o município e se um dia pensasse em mudar de cidade dentro do Rio Grande do Norte, com certeza seria Boa Saúde a escolhida. Um crescimento visível,uma organização acima da média. Todos que aí residem, estão de parabens.